domingo, 9 de agosto de 2009

Reticente pensar


- Cuidado!
- Ah, obrigada!
- Agora dá para atravessar...
- Você tá indo pra lá também, não é?
- Isso mesmo.
- Eu lembro de você...Tem muita gente trabalhando nisso...
- Geralmente é quem, de certa forma está envolvido com a área.
- Você faz cinema?
- Acho que não...
Eu vejo cinema, sinto na tela tudo o que ele faz. E tudo, nem sempre suporta duas horas de exibição, muito menos possui 35mm. É apenas uma metragem! Então, para que tanta definição?
"Pré-cinemas, pós-cinemas", e para os ignorantemente céticos, "Futuro do pretérito". É possível pensar a sétima arte de outra forma?
"O cinema se cristalizou. Precisa acompanhar as necessidades estéticas do expectador das novas mídias...Quebrar a linguagem."(Arlindo Machado);

"São formas que cortam e cortam as passadas, e se apropriam delas, reinventando formas de emissão e recepção."(Pedro Paulo Rocha);

Arte nova"(Pedro Paulo Rocha):
Cinema Novo, expandido, invertido, fora da ordem, constituído na imagem, no plano, na linguagem...
Eu penso no cinema, assim como no audiovisual e seus efeitos enquanto expectadora. O importante é o que recebo e como recebo. Vídeo, clipe, longa, curta, meia boca, tudo é arte, desde que para mim seja belo. Não se trata de um discurso egocêntrico, antropocêntrico, mas no fim das contas não há ninguém melhor para se tornar objeto do que o receptor. E o que é belo para mim não é regra, por isso a concepção de arte é tão polissêmica, mesmo quando há tentativa de decupá-la em escolas, parâmetros, técnica...
Mas a arte não é só isso. O cinema não é. Ele é sinestésico, transgride, move, desequilibra, e aí sim ele é arte, quando cai no gosto editável de cada um: a estética de um prazer íntimo que salta aos olhos, pelos mais variados espaços visuais, explicada talvez pelas faculdades preexistentes do juízo...

- Estou um pouco nervoso, vou dar uma entrevista ao vivo...
- Ah, mas deve ser um nervoso com gosto reconhecimento, o "novo" cinema merece...Estou nervosa também, ontem mesmo descobri que estou concorrendo a um prêmio...
- Sensacional isso, cara! É de cinema?
- Não, é de propaganda.
- E qual o prêmio?
- Um troféu, para os "novos" da propaganda.
- É isso mesmo...São essas coisas que nos fazem continuar, e por falar nisso, assista ao meu Kynemas.
- Estranho não falar cinema, mas vou experimentar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eita SEmCine inspirador!
Não se deve castrar e limitar algo que se reinventa a todo momento por natureza. POr um cinema sem rótulos!

^^