domingo, 27 de dezembro de 2015

Deve ir e vir sem fim.

Último dia da viagem, saindo do museu de arte em um domingo nublado. Pior do que a sensação de vazio de ter passado por um lugar onde nada havia acrescentado, mas que pela norma culta deveria obrigatoniamente preencher as lacunas do conhecimento, era a minha a autocensura por esse lapso de ignorância. Precisava respirar e o lado de fora parecia-me mais interessante naquele momento. 

Ao sair, várias pessoas tentam me abordar, talvez para me vender livros ou outros artigos, talvez soubessem que ainda há muito o que estudar. Lembro das leituras que abandonei para viajar e dar continuidade à minha história. As ignoro na ânsia de aproveitar minhas últimas horas na cidade. Eu e minha mania de querer fazer tudo: desde muito cedo dizia que não gostava nem de dormir para não perder tempo. 

Ouço as vozes se distanciando, mas tem uma delas que me faz parar. "Abra na página 11", "tem uma poesia sobre você" . Como assim? Nunca havíamos sequer nos visto. Parei e dei meia volta. Um rapaz careca, de meia idade que aparentava ser de qualquer lugar do sul. Tomei o livro da sua mão, rapidamente comecei a destrinchar e a cada verso sorria. Ele me teceu elogios, disse que parecia com uma aluna da Universidade de Santa Catarina. Era professor de linguística e veio a se tornar poeta. Pediu para me fotografar sorrindo e segurando seu livro. 


Tudo que tava escrito ali se moveu para chegar até mim. Faz parte de um devir. Algo que me faz balançar, que me tira todas as certezas e ao mesmo tempo me coloca no lugar do percurso,  onde, por algum motivo eu deveria passar. Algo que me faz lembrar que é fora das estruturas, do museu, da sala de aula, que eu me confronto com as questões que já não cabem apenas dentro delas. O devir de Deleuze, o pós-estrutural. 

A metafísica desconstruida. Tudo isso se processando na máquina humana. Uma rede de tensões que tem muita potência. E no meio de todas elas tem sempre algo que me diz que se superar é o caminho para viver. À propósito, o título era "vir-a-ser". Conceito altamente transitivo que há mais de um ano atravessou meu caminho em pelno retorno à universidade e que me acompanha nesse movimento nada retilíneo, disforme. Continua.


                                                          

                                                          Ivan Petrovitch

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Perdendo mentes


Perdendo dentes, perdendo entes. Deixando o tempo pendente. Perdendo algumas palavras ausentes, enquanto presente. Perdendo alguns dias e noites quentes. Contentes. É o que vem, invente. Em frente, enfrente.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Inverno astral

O vento frio que sopra a barriga e anuncia o que tempo pressentiu... Antecipou. Sem o consentimento natural das mudanças de estação. Invernou mais cedo no quintal da casa 12.

domingo, 10 de março de 2013

Circuito escrito


Comecei um curso e afirmei no meu discurso que voltaria a escrever de verdade.
Isso foi até ouvir dizer que "A nossa língua possui circuitos que desarmam a verdade propriamente dita - eu não minto".



domingo, 20 de janeiro de 2013

Risco



Não faltou caneta, não faltou papel. O que faltaram na verdade foram palavras para descrever o que eu queria naquele momento. Resolvi arriscar. Deixei correr alguns riscos sob a pele.


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Novembro r.e.m.

Novembro na veia. Num leve devaneio. Numa breve primavera. Um brainstorm. Uma nuvem de pensamentos e um estado de letargia sem querer acordar.

domingo, 12 de agosto de 2012

Ver(o) mundo


Gosto de sair. Ver o mundo e me sentir mais por dentro dele mesmo que olhando de fora. Eu nunca volto do mesmo jeito.