domingo, 18 de janeiro de 2009

Tempo


Pouco antes da meia-noite me dei conta de que ainda havia tempo. Deixei algumas lágrimas para trás, e carreguei algumas memórias, impossível dissociar. Aproveitei aqueles dias longe de casa até cair novamente no conto dos fogos de artifício, que refletia nos meus olhos marejados o desejo de começar de um outro jeito. Mas que jeito?
O quanto antes quis me tornar alguém melhor cheia de desejos de reparações e boas intenções. Senti falta do ambiente familiar, mas nada que me forçasse dizer coisas que precisariam ser arrancadas de mim. Por instantes, me senti lembrada, abraçada, aterrisei para retribuir
da melhor forma, a minha forma, a qual espero que tenha sido e seja sempre bem aceita. Dancei conforme a música, a paciência não me faltou, e mais uma vez estava de volta.

O ano nove sinaliza para mim a urgência de tudo o que passou e do que está por vir. Já dizia o Raul,"Coragem, coragem", é o que me falta um pouco mais nas horas decisivas, mas por enquanto estou sobrevivendo. Às vezes retrocedo para prosseguir, noutras viro o rosto para não encarar ou despareço no meu mundo, e mesmo assim, estou cuidando para chegar até o fim.

Em pouco mais de duas semanas vivi por meses. Pela primeira vez escrevi o texto mais demorado de minha vida e tive a sensação de que foi o pior, quando deveria ser o melhor, o qual me traria a chance de começar a mudança. Mas o tempo nesses últimos dias resolveu passar devagar, me dando tempo para pensar demais antes de agir, e para esperar ao som descompassado das minhas vontades.

O clichê sobre o tempo é que ele é o remédio para todas as outras coisas. Tenho cá minhas dúvidas, pois há o que se torne cada vez mais insuportável e incurável com o passar dele. A verdade é que continuo perdendo tempo com certas coisas, dormindo demais, me apaixonando pelo que faço, e sonhando com um pouco mais de tempo.

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